Vai beber no Carnaval? Antes de se divertir, precisamos conversar

Samel Saúde
7 de fevereiro de 2020

O Brasil é um dos países que mais consome bebida alcoólica na América Latina. E em época de carnaval, o índice do consumo de álcool pode ser maior que o normal. Afinal, o carnaval para os brasileiros tem um significado único de muita alegria e curtição. Nessa hora, é bom ter mais atenção para não deixar de lado sua saúde. 

O consumo exagerado do álcool pode acarretar diversos problemas para o organismo. E, foi pensando nisso, que a Samel elaborou um artigo para você entender os efeitos que as bebidas alcoólicas podem causar no corpo. Confira. 

 

Os efeitos da bebida alcoólica no corpo

Você está animado para se jogar neste carnaval e já até sabe onde fazer o “esquenta”? Vamos com calma! Desde os primeiros goles da bebida, o álcool é ingerido e vai direto para o estômago que o absorve e começa a viajar pela corrente sanguínea. E aí que começam seus efeitos. 

Já nos primeiros dez minutos de consumo, o corpo vê o álcool se transformar em acetaldeído, considerado uma substância “tóxica” para o corpo. O organismo tenta se livrar do componente o mais rápido possível, destruindo a molécula do álcool através de substâncias presentes no fígado. 

Em grandes quantidades, o fígado não consegue destruir essas moléculas, deixando a substância tóxica no corpo por muito mais tempo. Suas consequências são pressão alta, fadiga, náuseas, irritação no estômago e dor de cabeça. 

Reconhece esses sintomas? Sim, é a ressaca! Mas antes de falar sobre ela, observe o efeito do álcool em minutos no corpo e suas consequências para os órgãos. 

 

Álcool em minutos 

10 minutos: álcool é identificado como uma presença tóxica e o fígado começa o trabalho para destruí-la.

20 minutos: início da sensação de euforia. É aqui que você começa a se sentir solto e com mais coragem. Tais sensações passam muito rápido. Por isso, a necessidade de consumir mais e mais bebida para manter ativa a animação.

30-40 minutos: se bebendo continuamente, você já entra no estado de “embriaguez”. Você não tem mais noção do seu senso crítico. Suas emoções começam a variar, a ansiedade é ativada e uma sensação de depressão pode tomar conta da sua cabeça.

45-90 minutos: o álcool no corpo atinge seu ápice e a ação diurética é ativada. Seu organismo não entende a presença de tanto líquido no corpo e ativa a diurese. Você começa a passar por um período de desidratação, fator que causa sonolência. 

12-24 horas após o consumo: chegou a famosa ressaca. Tontura, dor de cabeça, náuseas, sede e tremores são alguns dos sintomas dessa condição e efeitos da intoxicação. Esses sinais também representam a síndrome da abstinência, em que seu corpo pede mais bebida. 

 

Álcool no organismo

Cérebro. O álcool afeta o sistema nervoso central e causa perda de memória, diminuição dos reflexos e sonolência. 

Coração. A liberação da adrenalina provoca a aceleração dos batimentos e da atividade sanguínea no órgão. 

Fígado. Tem a produção de enzimas alteradas, o que reflete no seu metabolismo. O consumo exagerado pode causar inflamação crônica, hepatite alcoólica e cirrose. 

Estômago. O álcool irrita as mucosas do estômago e esôfago, causando gastrite, esofagite e diarreia.

Rins. O efeito diurético sobrecarrega os rins e compromete o processo de filtragem de substâncias. 

 

Bebida alcoólica e energético 

Uma das misturas mais consumidas pelos jovens para ter mais energia durante a folia é a bebida alcoólica com energético. Mas essa combinação está longe de ser uma boa ideia! 

De acordo com a Universidade de Victoria, no Canadá, a cafeína e a taurina presentes no energético “disfarçam” o efeito do álcool e deixam a pessoa propensa a beber mais, o que aumenta o risco de intoxicação e morte, causadas pelo excesso de bebida. 

Além disso, o energético no corpo oferece riscos para o coração. A cafeína estimula o sistema nervoso simpático (SNS) a liberar hormônios estimulantes, como a adrenalina. O resultado no organismo é do aumento da frequência cardíaca e o estreitamento dos vasos sanguíneos que provocam arritmia e fazem a pressão subir. Essa aceleração pode ser fatal, principalmente para pessoas com mais de 40 anos.  

Ainda, segundo especialistas, a combinação acaba colocando as pessoas que ingerem bebidas alcoólicas em risco de vida de formas que vão além dos problemas no corpo. A euforia da mistura do energético e álcool pode acarretar em coragem para dirigir embriagado, iniciar brigas, usar outras drogas e fazer sexo sem proteção. Por isso, é melhor evitar! 

 

Existe limite seguro para o consumo de álcool?

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe um volume seguro para o consumo de álcool. Uma vez que ele pode trazer danos diretos e indiretos para a saúde. Além dos problemas no organismo, o álcool ainda pode causar desentendimentos familiares, incitar a violência e causar acidentes de trânsitos. 

Mas, como saber se “passei do ponto”? Apesar de cada corpo ter uma reação diferente, para o Ministério da Saúde, o consumo abusivo de álcool pode ser considerado a partir da ingestão de quatro ou mais doses, entre as mulheres, e cinco ou mais doses entre os homens em uma mesma ocasião nos últimos 30 dias. Independente do tipo de bebida. 

 

Alcoolismo é doença

Se o consumo de álcool ultrapassa a vontade e vira uma necessidade, estamos falando de alcoolismo. Considerado doença pela OMS, o alcoolismo se diferencia do consumo abusivo de álcool pela vontade incontrolável de beber, perda de controle e dependência física. 

Também conhecido como “síndrome da dependência do álcool”, a doença se desenvolve após o uso repetido da bebida, ligada aos sintomas de compulsão, como a dificuldade de controlar o consumo, sintomas de abstinência física e tolerância (necessidade de doses maiores para atingir o efeito da substância). 

Para o tratamento adequado da doença, é preciso que a pessoa reconheça a necessidade de ajuda. Na hora de informar ao médico, é preciso ser honesto sobre o problema e relatar detalhadamente sintomas e a frequência de consumo. Se ele concluir que de fato é alcoolismo, o paciente será encaminhado para um especialista responsável para iniciar o tratamento com ajuda psicológica e medicamentos. 

 

Interações perigosas 

O álcool pode ser um grande problema quando combinado com situações que oferecem risco na saúde, como na gravidez, com medicamentos e antes de dirigir. É preciso prestar atenção para não colocar a sua saúde e de outras pessoas em risco. Veja o porquê. 

 

Álcool na gravidez

A ingestão de álcool na gravidez pode provocar a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), condição que afeta mais de 100 mil bebês por ano. Ao optar por beber durante a gestação, a criança corre o risco de nascer com algum tipo de deficiência, seja física, mental, cognitiva ou comportamental. Como não há dose ou período certo para evitar o álcool na gravidez, o ideal é manter a abstinência durante toda a gestação. 

 

Álcool e medicamentos 

Você pode ter escutado que o álcool corta o efeito do antibiótico, certo? Mas você sabia que outros medicamentos também podem trazer consequências para o corpo?

Álcool com paracetamol, por exemplo, aumenta o risco de hepatite medicamentosa. Enquanto a bebida combinada com ácido acetilsalicílico, pode provocar sangramentos no estômago, uma vez que a interação irrita as mucosas estomacais. 

Com os antibióticos, os resultados podem ir além. Ao mesmo tempo que o álcool é capaz de inibir o efeito e prejudicar o tratamento, a interação da bebida alcoólica com antibióticos pode levar a vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão (pressão baixa), dificuldade respiratória e até a morte. Se você estiver tomando medicamentos nesse carnaval, é melhor dar um tempo da bebida e deixar a música contagiar sua celebração! 

 

Álcool e direção

Se tem uma combinação que não dá certo é a de álcool com a direção. Em geral, as pessoas acreditam que sabem seu limite para beber e se arriscam na direção. Ainda assim, estudos científicos não chegaram a uma conclusão sobre o limite da bebida no organismo para ser permitido dirigir. 

Ao beber, você está comprometendo sua atenção, visão, senso de direção e a ação, uma vez que os movimentos ficam mais lentos e a pessoa tem mais dificuldade de raciocinar em situações de perigo. 

Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), dirigir sob a influência de álcool é uma infração gravíssima, com pena de multa de R$2.934,70, suspensão do direito de dirigir por um ano, recolhimento da CNH e retenção do veículo. Por isso, opte por transporte público, táxi ou carros particulares de aplicativo para voltar para casa em segurança. 

 

Como curar a ressaca?

Se você quer curtir seu carnaval e estar pronto para outra no dia seguinte, temos dicas especiais para evitar (e curar) a ressaca. 

  1. Intercale a bebida alcoólica com água quando estiver na folia;
  2. Ao chegar da festa, beba bastante água e mantenha a hidratação com uma garrafinha de água perto de você;
  3. No outro dia, você pode tomar café preto, sem açúcar, para ajudar o fígado a metabolizar as toxinas;
  4. Tome uma sopa de legumes para repor o sódio e o potássio perdidos;
  5. Frutas in natura ou sucos podem ajudar na remoção do álcool do corpo, pela ação da frutose;
  6. Não esqueça de descansar o corpo e só tomar medicamentos indicados por um médico. 

 

Agora sim, você está pronto para curtir os dias de folia sem descuidar da sua saúde! Siga-nos no Facebook e Instagram para saber mais sobre nossos conteúdos exclusivos de saúde. Aproveite também para ler Carnaval? Conheça todas as formas de proteção contra ISTs

 

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